O Carnaval de Ovar sofreu ao longo dos seus 50 anos uma evolução que lhe permitiu tornar-se, sem dúvida, no melhor Carnaval do país. De facto, quando em 1952 surgiu pela primeira vez a ideia de organizar os festejos do Entrudo, longe de se imaginar as proporções que estes viriam a tomar.

E foi no âmbito da mudança que surgiu pela primeira vez, em 1982, a Costa de Prata, nesta altura ainda como projeto de Escola de Samba. A ideia surgiu quando nos tampos das carteiras da antiga escola industrial, Fernando Walter e José Correia trauteavam em jeito de marchinha, as músicas cheias de ritmo vindas do outro lado do oceano.

Resolveram então apresentar à Comissão de Carnaval a possibilidade de formarem um grupo para tocar um ritmo diferente daquele a que o público estava habituado, ou seja, inovar a parte musical do cortejo carnavalesco. A ideia foi aceite e com as peças de duas baterias emprestadas, saíram para a rua no Domingo Gordo, 18 jovens cheios de vontade de mudar um pouco o ritmo do Carnaval Vareiro. Foram eles: José Correia, Artus José, César Liz, Jaime Catarino, Carlos Campos, Vítor Alho, Carlos Carvalho, Carlos Rodrigues, Walter Fonseca, Amílcar Valas, Guilherme Terra, Toni Henriques, Mário José, Bernardino, Fernando Valente, José Augusto, Nelson Pereira e Raquel Campos, os fundadores da Costa de Prata. O êxito foi tanto que na terça-feira todos os grupos tentavam conseguir junto da comissão organizadora que o grupo de samba (assim chamado na altura), fosse autorizado de forma a poder proporcionar-lhes o tão desejado ritmo brasileiro que estes jovens trouxeram pela primeira vez ao Carnaval de Ovar.

Em 1983, o grupo de samba deu lugar à que seria a primeira Escola de Samba de Ovar, a Escola de Samba Costa de Prata, verdadeira impulsionadora do samba em Ovar. O nome teve como inspiração a designação da região de turismo em que Ovar está inserida.

Daí para cá, e de ano para ano, a vontade de inovar tem sido crescente, desde a confeção dos fatos, cada vez mais elaborados, à construção de alegorias – verdadeiras obras de arte – passando pela procura constante dos materiais mais apropriados e culminando no facto de, desde 1993, os sambas apresentados pela E. S. Costa de Prata, serem inéditos, compostos por elementos desta Escola de Samba. Toda esta evolução tem sido possível devido à dedicação sem igual dos seus elementos, demonstrando um verdadeiro carinho que se reflete ao longo de todo o ano, pois as atividades da E. S. Costa de Prata não se resumem apenas ao período do Carnaval.

De facto, para que seja possível arcar com todos os custos inerentes à sua organização interna, a Costa de Prata participa em espetáculos de Norte a Sul de Portugal e até mesmo no estrangeiro (Espanha, França e Estados Unidos da América). Leva, assim, o nome do Carnaval de Ovar a todos aqueles que têm a oportunidade de assistir aos seus espetáculos, quer seja nas mais populares romarias do Norte, quer seja nos mais requintados hotéis e salões por onde a E. S. Costa de Prata já passou.

Com o aparecimento desta Escola de Samba outras se seguiram, dando um sentido diferente à Costa de Prata e também ao Carnaval de Ovar, que viu desta forma reunidas as condições ideais para a realização, em 1988, de um desfile noturno só para as Escolas de Samba, onde passariam também a ser avaliadas.